Eu não acreditava, mas seria uma indelicadeza recusar a ajuda, assim que deixamos e depois arrumamos tudo à nossa maneira. Esta mesma vizinha tinha as chaves do ap, pois é um boa costume deixar a chave com algum vizinho de confiança para casos de emergência. Não é que entrava em casa quando ainda estávamos dormindo e começava a lavar os pratos e arrumar a cozinha! É muita amabilidade, mas eu não queria compartir a minha vida privada com a vizinha. Logicamente ela é uma ótima pessoa e mantemos amizade até hoje, mas eu tive que parar com aquilo.
Um dia eu estava desenhando no meu quarto de trabalho com a janela aberta e notava que uma senhora no edifício de enfrente não parava de olhar o que eu fazia. Estava ficando nervoso, porque gosto da minha intimidade, e ela não parava de olhar descaradamente. Então, peguei um papel e desenhei um coisa enorme e imoral com um pincel atômico bem grande, e deixei em cima da mesa. Imediatamente ela fechou a janela. Ma eu tive que me acostumar a trabalhar com a janela fechada, já que sou temperamental para criar e preciso de intimidade.
Embora esteja totalmente integrado à cultura espanhola, nunca me acostumei a ser observado ou espiado. Gosto de ser discreto na minha vida, passar desapercebido e a vida alheia não me interessa.
Aqui, dizem que o esporte nacional é a inveja. Se um vizinho compra um carro grande, o outro compra um maior, mesmo que não tenha utilidade numa cidade com escassas vagas para estacionar. Se uma vizinha compra uma televisão grande, a outra compra uma maior. Inclusive as doenças são motivo de discussão. No ambulatório, as mulheres discutem sobre qual está pior. - "Eu já tive isso, não é nada comparado com o que tenho agora". " A minha dói muito mais". "Eu tomo mais remédios". E assim, tudo o que é meu é pior, melhor ou maior, mas sempre mais que o outro.
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